Não consegues ajudar as crianças a lidar com os quilos em excesso? Ajuda-as a serem mais saudáveis e a perderem algum peso
Aviso de gatilho: o conteúdo pode ser sensível para quem lide/esteja a lidar com distúrbios alimentares.
Neste artigo vais perceber, entre outras coisas, o impacto que comer mal durante a gestação pode ter na saúde das crianças. Vais ficar também a perceber o que a APCOI, Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil, já fez e continua a fazer para reverter este problema de saúde pública.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera a obesidade a epidemia global do século XXI.
A nível físico, as crianças obesas tendem a desenvolver problemas como diabetes, doenças cardíacas ou má formação do esqueleto. É raro que cause risco de vida na infância, mas a esperança de vida é drasticamente reduzida. Pode agravar patologias respiratórias e alérgicas, provocar dores nas articulações e dificultar ou impossibilitar a prática de exercício físico em contexto escolar.
A nível psicológico, estas crianças são frequentemente vítimas de bullying por parte dos colegas, levando, por vezes, ao isolamento e/ou à depressão.
Sabias que a obesidade nas crianças começa durante a gravidez da mãe?
A prevenção da obesidade deve começar ainda antes da gravidez. A mãe que pensa em engravidar deve pensar bem nisso e ver se está tudo bem com a sua saúde.
Durante a gestação, a mãe deve ter uma dieta equilibrada, assim como tentar não aumentar muito o peso, não fumar e ter uma vida relativamente calma.
Deve dar-se preferência ao aleitamento materno e é essencial dar a conhecer à criança alimentos variados nos primeiros dois anos de vida.
Relativamente às crianças, é urgente perceber que todas merecem que se faça um esforço, muitas vezes de toda a família, para que venham a ser saudáveis.
É muito difícil mudar comportamentos. A criança sozinha não consegue prevenir e muito menos arranjar soluções para a sua obesidade. Ajuda-a!!
Os anúncios preferidos das crianças são os da comida e não os dos brinquedos! Curioso.
O exercício físico também irá funcionar a favor da criança na prevenção desta doença crónica. Além disso, assegura a manutenção a longo prazo do peso saudável, proporciona bem-estar e ajuda a controlar os restantes fatores de risco cardiovascular.
Este problema está muito ligado ao que os pais comem. A criançada vai sempre seguir os modelos dos pais. Assim, estes são os que têm de dar o exemplo.
Um dos problemas deve-se ao facto de muitos pais terem feito uma cirurgia de obesidade e, assim, apesar do facto de terem consciência de que os filhos precisam de perder peso, consideram sempre que caso não o percam possam fazer uma operação.
É preferível evitar a obesidade numa criança a tentar eliminá-la. Esta prevenção deve ser feita por todos aqueles que tenham influência direta ou indiretamente sobre essa criança.
Para ajudar nesta missão, nasceu, em dezembro de 2010, a APCOI – Associação Portuguesa Contra a Obesidade Infantil -, uma organização sem fins lucrativos cujo objetivo passa por promover a saúde das crianças e combater o sedentarismo, a obesidade nas crianças e a má nutrição, através da organização de diversas campanhas e eventos.
O fundador e presidente da APCOI considera ter estado sempre no “dark side of the force” e que agora está do lado certo. «Eu simplesmente não fui capaz de fechar os olhos e seguir em frente, então, decidi que iria colocar a minha “arte” ao serviço da saúde das crianças e não contra.»
A vontade de ajudar na prevenção e diminuição de obesidade nas crianças surgiu quando se deparou com alguns dilemas internos, após ter visto o impacto negativo que o marketing tinha.
Procurou uma associação contra a obesidade infantil, mas não existia nenhuma.
“A partir daí esse tornou-se no meu propósito de vida: fundar a APCOI.”, afirma Mário.
A APCOI chega às crianças “através de todas as técnicas de marketing infantil, tentando acompanhar sempre as tendências: storytellying, edutaining, gamification, etc”. Com a pandemia, continuam a fazer a diferença nesta questão de saúde, colaborando à distância com os encarregados de educação que pediram ajuda para controlar o aumento de peso das crianças, através das redes sociais, diz-nos.
A iniciativa escolar “Heróis da Fruta” continua em vigor. É também uma marca registada da associação. Esta já conta com a participação de meio milhão de crianças em Portugal. Este projeto usa personagens-modelo que ganham superpoderes ao comerem alimentos saudáveis, incentivando as crianças a seguir o seu exemplo positivo.
Pretende levar este projeto a todos os países que tenham elevadas taxas de obesidade infantil e contribuir para a sua diminuição.
Em 2019, a OMS apontou Portugal como uma referência no combate à obesidade infantil, pelo facto de ter sido um dos únicos países do mundo que conseguiu fazer descer em cerca de 10% a prevalência de excesso de peso e obesidade na infância, nos últimos 10 anos.
Projetos como a “Corrida da Criança”, programas de rastreio, ações de sensibilização e workshops já fizeram a diferença para milhares de crianças.
Segundo Mário Silva, a prevenção da obesidade faz-se com uma alimentação saudável e exercício físico. Caso a doença já esteja instalada, “não basta prevenir, tem de recorrer a tratamento acompanhado por um profissional de saúde”.
Sendo o bullying escolar algo que ainda acontece com as crianças vítimas desta doença, Mário diz “temos de ser todos nós a mudar. A sociedade começa e acaba em cada um de nós”.
Para que isto não aconteça, os pais devem estar atentos a sinais. “O mais frequente é a criança começar a perder o interesse pela escola ou mesmo começar a pedir para não ir.”
Esclarece-nos e diz que os pais são quem têm de tomar as melhores decisões para a saúde dos seus filhos e “não perguntar à criança o que é que ela quer jantar!”. Acrescenta ainda que “as crianças copiam o comportamento dos pais, dos professores. O papel dos adultos é fundamental. Sem a ajuda de adultos, nenhuma criança sozinha vai prevenir ou tratar esta ou qualquer outra doença”.
Na opinião do fundador, o que mais contribui para o aumento da obesidade infantil é a nossa atual sociedade de consumo, influenciada pelo marketing que nos faz sonhar e nos esconde, na maior parte das vezes, a realidade.
Acrescenta ainda que «não são só as crianças que vivem uma inocente ilusão. Muitos adultos também vivem nessa ilusão, mas muitos fazem essa escolha consciente, fecham os olhos e decidem “não pensar”».
“Costumo dizer às crianças que todos temos o superpoder de mudar o mundo todos os dias. Basta fazermos as escolhas certas!”
Quando perguntei qual foi o maior exemplo de mudança que Mário acompanhou, fiquei deliciada com o exemplo da Educadora de Infância Cristina Marques.
Hoje em dia é voluntária da APCOI e foi das primeiras a implementar o projeto «Heróis da Fruta» na rotina diária da sua turma. Não se limitou a influenciar as crianças a fazerem escolhas alimentares mais saudáveis e passou ela própria a dar o exemplo.
Em 12 semanas, apenas substituindo as habituais bolachinhas por fruta, emagreceu mais de 8 quilos.
A APCOI não muda apenas a vida das crianças, mas também dos adultos que escolhem o lado certo!
E tu, do que estás à espera para escolher o lado certo?
Vais ser proativo na prevenção da obesidade relativamente à alimentação e ao sedentarismo da criançada? Bora!
Artigo revisto por Adriana Alves
Fonte da foto de capa: Note thanun on Unsplash
AUTORIA
Sempre quis pilotar aviões, mas a vida mudou-lhe os planos e descobriu o prazer na escrita. Movida a desafios e curiosidade, a Mariana adora correr, meditar e trabalhar em multimédia. Pensa no futuro mas vive muito o presente, confia na vida e sabe que vai ter sempre um lugar para a escrita. Nasceu em Lisboa mas vive nas Caldinhas, “o oeste é vida”, garante. Perde-se no mar, mas o surf dá-lhe vida.