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Conservadores perdem maioria absoluta nas eleições da Baviera

Partido Gémeo do de Angela Merkel tem o segundo resultado mais baixo das últimas décadas e está obrigado a uma coligação para governar. Extrema direita celebra entrada no parlamento com votação histórica. Eleições no estado mais rico do sul da Alemanha servem de barómetro nacional.

As sondagens não revelavam um caminho fácil para a CSU (União Social Cristã), um partido que concorre apenas nas eleições na Baviera e que sustenta a sua presença nacional no apoio à CDU (União Democrata Cristã), partido liderado por Angela Merkel. A proximidade entre os partidos é tão grande que a CSU tem vários ministros no governo Alemão. A derrota, porém, apesar de ser o partido mais votado, acaba por ser surpreendente. Os 36,8% obtidos pelo partido bávaro representam uma perda da maioria absoluta e obrigam a um entendimento político de forma a se constituir governo. Os resultados apontam para os Verdes com 18,5% como o segundo partido mais votado, seguido pelo Eleitores livres com 11,5% e pela AFD (extrema direita) com 11%, o que significa a sua maior votação de sempre. Os sociais democratas do SPD, historicamente um dos grandes partidos do “círculo” alemão, obtiveram apenas 10%.

Como explicar tamanha derrota? Esta é a questão com que a CSU acordou. A principal justificação dos analistas alemães aponta para o discurso dos conservadores anti-refugiados, o que levou a que perdessem votos no centro direita. Tal discurso também não convenceu os eleitores mais à direita porque o partido anti-imigração (AFD) obteve uma votação que superou a expectativa de todos. Muitos optam por culpar o ministro do interior Alemão, Horst Seehofer (que pertence à CSU), pela derrota. A sua política anti-refugiados não o livrou de uma forte oposição e de um conflito interno com o governo  e com a Chanceler Angela Merkel. Os conservadores podem ter neste resultado uma consequência das políticas de Seehofer, que acabaram por se voltar contra o seu partido. A vice-presidente do governo bávaro, Isle Aigner, atribuiu as culpas do mau resultado da CSU ao governo federal, liderado por Merkel, e afirmou que o partido está preparado para falar com todos os partidos, com exceção da AFD, de forma a discutir uma coligação para o executivo regional.

Do lado dos vencedores, há que apontar os Verdes, que passam a ser a principal força de oposição na Baviera, ofuscando os sociais democratas. Com um discurso assente em políticas de proteção ao ambiente e de abertura para com os refugiados, os ecologistas ganham força num estado onde nunca tinham passado das votações residuais. Outro vencedor da noite eleitoral foi a AFD; o partido anti-imigração obteve a sua maior votação de sempre, o que lhe garante a presença no parlamento regional.

As eleições na Baviera são vistas como essenciais no espectro político alemão. Normalmente, apresentam uma tendência de voto que pode vir a confirmar-se nas eleições federais alemãs. Este resultado pode jogar a favor de Angela Merkel, uma vez que a derrota da CSU pode significar a demissão do ministro do interior, principal opositor de Merkel, e dar à chanceler o apoio interno necessário para terminar o seu mandato. Por outro lado, a ascensão da AFD revela que o perigo da extrema direita na Alemanha está longe de ser contido.

 

Artigo corrigido por: Ângela Cardoso

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Olá, sou o Luís, tenho 27 anos e nasci em Cascais. Vivo desde, quase sempre, em Sintra e sinto-me um Sintrense de gema.  Adoro cinema - bem, adorar não é a palavra adequada, venerar parece-me um adjetivo mais justo -  e sou também obcecado por política e relações internacionais. Gosto também muito de desporto.