ETA anuncia o fim
Movimento separatista Basco pede desculpa pelo sofrimento causado ao longo das últimas décadas e anuncia o seu fim a 5 ou 6 de maio. Vítimas falam em tentativa de “branquear a História”.
O grupo separatista basco ETA – Euskadi Ta Askatasuna (Pátria Basca e Liberdade) – indicou, num comunicado que reconhece os “danos que causou durante a sua trajetória armada na luta pela independência do País Basco mas que há muito já se deveria ter encontrado uma solução democrática justa” para a situação na região. O grupo apelou a “uma reconciliação duradoura pois não é possível mudar o passado”.
No comunicado, difundido por órgãos de comunicação Bascos, a ETA reconhece que provocou com os “mortos, feridos, torturados sequestrados e pessoas que foram obrigadas a fugir para o estrangeiro” um incalculável sofrimento no seio da sociedade espanhola. A organização lamenta também a “dor provocada às famílias das vítimas” e anuncia a sua dissolução no primeiro fim de semana de maio – dia 5 ou 6. Segundo a televisão pública Basca a dissolução será formalmente realizada no País Basco francês e antes do anúncio irá acontecer um evento, em Iparralde, no qual irão participar agentes políticos e sociais da região basca e personalidades internacionais ainda não identificadas. A dissolução da ETA ocorre pouco mais de um ano depois do desarmamento da organização, em abril do ano passado. Esta decisão surgiu sete anos após o grupo terrorista ter anunciado o cessar em definitivo dos atos de violência.
Em resposta a Associação de Vítimas de Terrorismo lamentou que a ETA tenha aproveitado o comunicado para “justificar mais uma vez a sua atividade terrorista”. A associação acrescenta que a “ETA reconhece o dano causado mas nunca faz uma auto-crítica” e condena que as vítimas sejam colocadas “ao mesmo nível que os torturados”. A organização não ficou convencida com o pedido de desculpa e afirma que a ETA está apenas a tentar “branquear o passado criminoso da organização, justificando os seus assassinatos em consequência de um conflito”.
Por seu lado o Coletivo de Vítimas do Terrorismo (conhecido pela sigla Covite) afirma, que as palavras da ETA apenas “esfumam a sua responsabilidade pelos crimes cometidos”; e que conceder o perdão ao grupo separatista significa “insultar as vítimas de terrorismo e toda a sociedade”.
O governo Espanhol aproveitou, numa declaração, para indicar que “a ETA não obterá qualquer tipo de contrapartida pela sua dissolução”. Inigo Mendez Vigo, porta voz do governo de Mariano Rajoy, fala em “derrota total” da organização basca.
Criada no final da década de 1950, a ETA foi inicialmente um grupo de promoção da cultura basca, tendo evoluído para uma organização paramilitar que lutou pela independência do País Basco; calcula-se que ao longo da sua História, tenha feito mais de 800 vítimas.
AUTORIA
Olá, sou o Luís, tenho 27 anos e nasci em Cascais. Vivo desde, quase sempre, em Sintra e sinto-me um Sintrense de gema. Adoro cinema - bem, adorar não é a palavra adequada, venerar parece-me um adjetivo mais justo - e sou também obcecado por política e relações internacionais. Gosto também muito de desporto.