Cinema e Televisão

Uma comédia bem doseada

O Rei de Staten Island é um filme sério e não perde a compostura, conseguindo ser decente. Não chega para ser um grande filme, mas é melhor do que a maioria do seu género.

Será O rei de Staten Island uma comédia dramática em tom doseado? Terá o estilo de um filme hippie independente? Estas são perguntas legítimas para o filme de Judd Apatow, inspirado na história de “vida” de Pete Davidson. Há vários pontos de contato com a infância do ator – não só a história do pai, bombeiro, que perdeu a vida demasiado cedo, como também a infância de Pete em Staten Island, Nova Iorque. É a essa simbiose entre a biografia e a ficção que o filme vai buscar parte da sua força. 

A trama aborda a vida de Scott (Pete Davidson), de 24 anos, que sofre da chamada Síndrome de Peter Pan: basicamente ficou preso à sua infância, recusando-se a “crescer” e assumir as responsabilidades do mundo adulto. A personagem vive com a sua mãe, Margei (a magnífica Marisa Tomei), e realiza pequenos trabalhos. O filme gira à volta da sua incapacidade de se adaptar à vida adulta, contudo tudo muda quando a mãe lhe confessa ter uma relação amorosa com Ray, bombeiro e pai de dois filhos pequenos. Scott não aceita de ânimo leve essa mudança e decide fazer uma “viagem de autodescoberta” que lhe traz uma nova forma de ver a sua vida.

Trata-se de um filme de inadaptados, mas sem cair na caricatura. Recusa os clichês básicos, mas não deixa de brincar com alguns dos hábitos das personagens (como o consumo de marijuana por parte de Scott) e com algumas características das mesmas (como a responsabilidade da irmã mais nova, Claire). É possível perceber a exploração da biografia de Davidson, que assina com Apatow e Dave Sirus o argumento da obra. 

É um filme decente. Apatow regressa um pouco ao espírito do seu grande sucesso Virgem aos Quarenta Anos. O filme de 2005 foi também buscar parte do sucesso à força de um inadaptado. O título do filme resume o seu mote: um homem de 40 anos (o fantástico Steve Carell) que é virgem numa sociedade hiper sexualizada.

Quanto ao desempenho dos atores, há claramente que destacar Pete Davidson, um dos comediantes da moda, e Marisa Tomei, uma atriz sublime cujo trabalho é poucas vezes reconhecido em Hollywood. O seu desempenho é mais uma vez uma lição de simplicidade e da força de uma grande atriz.

O Rei de Staten Island é um filme equilibrado, que balança entre a comédia simples, mas bem conseguida, o drama e a caricatura. Não chega para ser um grande filme, mas é decente, mantendo o respeito pelas suas personagens e respetiva história. 

Fonte da capa: NiT

Revisto por Daniela Leonardo

AUTORIA

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Olá, sou o Luís, tenho 27 anos e nasci em Cascais. Vivo desde, quase sempre, em Sintra e sinto-me um Sintrense de gema.  Adoro cinema - bem, adorar não é a palavra adequada, venerar parece-me um adjetivo mais justo -  e sou também obcecado por política e relações internacionais. Gosto também muito de desporto.